Svadhisthana: A Verdadeira Casa do Prazer e da Criação

segundo chakra

 O Segundo Chakra: Verdade, Deturpação e Moralismo

Muito se fala sobre os chakras no Ocidente, mas muitas dessas interpretações acabaram distorcidas pela influência de valores morais, culturais e religiosos. Um dos casos mais emblemáticos é o do segundo chakra, conhecido no Oriente como Svadhisthana, que significa “a própria morada” ou “a casa do prazer”.

 A Verdadeira Função de Svadhisthana

No sistema tradicional indiano, Svadhisthana está localizado na região do baixo ventre, ligeiramente abaixo do umbigo, associado diretamente às glândulas sexuais — testículos nos homens e ovários nas mulheres. É o centro ligado à energia criativa, ao prazer, à sexualidade natural, às emoções profundas e à vitalidade.

Svadhisthana é o chakra que permite a expressão saudável do desejo, da sensualidade, do movimento da vida que perpetua a existência através do prazer e da criação. Nos textos clássicos, ele é representado pela cor laranja, simbolizando calor, vitalidade e prazer.

 A Deturpação no Ocidente

Com a chegada dos conceitos orientais no Ocidente, principalmente a partir do século XIX e XX, houve uma apropriação distorcida desses ensinamentos. A influência judaico-cristã, fortemente marcada por valores morais repressivos em relação ao corpo e à sexualidade, acabou associando esse centro a aspectos secundários ou desviados.

O erro mais comum foi vincular o segundo chakra ao baço, órgão que, na tradição indiana, está mais relacionado ao sistema imunológico e energético geral (mais ligado ao Manipura, o terceiro chakra, centro do poder pessoal e digestivo). Esse deslocamento de função foi promovido, em parte, para suavizar ou ignorar o papel sexual e prazeroso desse chakra, suprimindo a importância da sexualidade enquanto força sagrada e vital.

Resgate do Sentido Original

É importante recuperar esse conhecimento tradicional, pois a repressão moral não só distorceu a compreensão energética do corpo humano, como também criou bloqueios psicoemocionais. O verdadeiro trabalho com Svadhisthana não é a repressão, mas sim o equilíbrio entre prazer, desejo e consciência.

Reconhecer que a sexualidade, a criatividade e a alegria são expressões legítimas e sagradas da vida é um passo essencial para restaurar a saúde energética, emocional e espiritual.

 Svadhisthana

Significado: “Sua própria morada”
Localização: Abaixo do umbigo, no baixo ventre
Elemento: Água
Cor: Laranja
Glândulas: Testículos e Ovários
Funções:
 Prazer físico e emocional
Energia criativa
 Sexualidade natural
Emoções profundas

Citação tradicional:

“No lótus de seis pétalas situado acima do Muladhara, brilha a energia vital que move o desejo e a criação.”
Shat Chakra Nirupana, século XVI

 Sobre a Tradição

Nos textos clássicos da Índia, como o Shat Chakra Nirupana, Svadhisthana é descrito como centro do prazer e da energia criativa. Ele rege a sexualidade saudável, a fertilidade e o movimento emocional profundo — funções naturais, consideradas sagradas e essenciais à vida.

 Fontes Essenciais:

  • Shat Chakra Nirupana (século XVI)

  • Sir John Woodroffe (Arthur Avalon)The Serpent Power, 1919

  • Swami Sivananda — Ensinamentos clássicos

  • Harish JohariChakras: Energy Centers of Transformation

 A Deturpação Moralista

A partir do século XIX, o Ocidente — especialmente sob influência judaico-cristã — começou a reinterpretar os chakras. Como a sexualidade era vista como algo pecaminoso ou inferior, a função de Svadhisthana foi deslocada para o baço, um órgão “mais neutro”, associado à imunidade.

 Por quê?

 Para evitar lidar com a energia sexual e criativa em termos espirituais
 Para suavizar seu simbolismo, ajustando-o aos padrões morais da época

Citação crítica:

“Ao moralizar o corpo, o Ocidente fragmentou a energia vital, deslocando sua sede natural para órgãos secundários.”
Harish Johari

Resgatar a função original de Svadhisthana não é apenas corrigir um erro cultural — é restaurar a dignidade do prazer e da energia criativa, libertando-se de séculos de repressão moralista.

É hora de permitir que essa energia flua, saudável, bela e consciente — como ensinavam os mestres da tradição indiana.