Ruis – Elder – Sabugueiro – R

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As duras lições do sabugueiro — Ruis

Ruis é aquele que encerra um ciclo, muitas vezes por meio do sofrimento, levando-nos a encarar o que ficou para trás.
O fechamento que ele traz não é suave: dói, fere, rasga memórias. Mas é justamente essa dor que nos faz crescer. É ela que nos obriga a olhar para as marcas — as dores, as feridas, as cicatrizes — e aprender com cada uma.

O sabugueiro simboliza a libertação daquilo que foi bom, quando o que antes era abrigo começa a nos aprisionar, ele, dolorosamente, corta os laços.

Assim, o que parecia perda se revela libertação.
Ruis caminha nas bordas do tempo, onde os ciclos respiram pela última vez antes de se dissolverem. Ele não chega com suavidade: vem como o vento frio que anuncia o fim de uma estação, arrancando as últimas folhas que ainda se agarram ao galho.

O sabugueiro é seu sinal. Ele nos conduz aos lugares onde o que foi bom começa a se tornar prisão — e, mesmo que nossas mãos sangrem ao soltar, ele corta as amarras. Pois sabe que há prisões que se disfarçam de conforto.

Seu ensinamento é amargo, como a seiva que queima a boca, mas purifica por dentro. Ele nos obriga a olhar as feridas, tocar as cicatrizes e reconhecer que cada dor é um mestre silencioso.

Assim, o sabugueiro nos recorda: não é o fim que te quebra, é a resistência a aceitá-lo.

Ruis encerra ciclos com a dureza de um rito de passagem. Ele nos força a encarar o que ficou para trás, rasgando memórias para que a cura possa começar. A dor que ele traz não é um fim, mas um meio: é o preço do crescimento, a lição silenciosa de cada ferida. É a força que nos obriga a olhar para as marcas da vida, não como falhas, mas como mestres silenciosos.

O sabugueiro nos guia para a beira do precipício, nos força a soltar. Sua lição é amarga e necessária, ensinando-nos que certas perdas são, na verdade, a única forma de abrir espaço para o novo. Suas amarras não são cortadas por uma mão gentil, mas por uma navalha afiada que nos liberta para o próximo ciclo, mesmo que sangremos ao fazê-lo.


 

A Desonra e o Rubor das Bagas

As bagas do sabugueiro, com seu vermelho intenso, carregam um simbolismo profundo e doloroso ligado à honra. Para os antigos celtas, a desonra era o pior que poderia acontecer à alguém. O rubor que sobe ao rosto, a cor que tingia a pele, era a prova visível de uma ferida na alma, a marca da deslealdade, da quebra de uma promessa, de uma traição que abalava não só o indivíduo, mas toda a sua comunidade. O sabugueiro, com suas bagas vermelhas, nos confronta com essa ferida aberta. Ele nos força a encarar a vergonha para que possamos nos purificar dessa carga emocional pesada e seguir em frente, em busca da restauração de nosso ser.

 

A Magia e a Clarividência

Além de sua face mais dura, o sabugueiro é a ponte entre os mundos. É a árvore que facilita a conexão com as fadas, sendo considerada a protetora de seus reinos. O vinho feito de suas bagas, tradicionalmente, é usado para aguçar a clarividência e a intuição, nos ajudando a ver além do óbvio e a compreender os ciclos da vida e da morte com maior profundidade.


O sabugueiro não rouba o passado, ele o devolve ao rio, para que siga seu curso. Ele nos ensina que a verdadeira quebra não está no fim em si, mas na nossa resistência em aceitá-lo. A duras penas, seguimos, crescendo e aprendendo com o novo, aceitando que algumas separações são a única forma de abrir espaço para o que ainda está por vir.

Botânica do Sabugueiro

O sabugueiro é uma árvore de porte médio, que pode chegar a cerca de 6 metros de altura. Suas raízes gostam de solos úmidos e ricos, e é comum encontrá-lo nas margens de rios, clareiras, pastos e beiras de estradas, espalhado por várias regiões da Europa, Ásia e América.

No inverno, ele se despe de suas folhas e parece adormecer, guardando em silêncio a força que voltará com a primavera. É então, entre abril e junho, que desperta com vigor: as folhas verdes se abrem e pequenas flores brancas e perfumadas surgem em cachos delicados. Quando o verão se aproxima, essas flores cedem lugar a frutos verdes que, aos poucos, amadurecem.

Do final do verão ao início do outono, as bagas se tornam escuras, quase negras, brilhando entre as folhas como pequenas contas de vidro. Logo depois, no outono, as folhas se tingem de amarelo e caem, marcando o fim do ciclo e o início de um novo repouso.

Assim, o sabugueiro vive num compasso constante de morte e renascimento, ensinando que cada estação tem sua beleza — e que até o aparente silêncio do inverno é apenas o prelúdio de uma nova floração.