Para o estudo das Runas, antes de qualquer conexão intuitiva, meditativa ou jornada com cada runa, o ideal é conhecer melhor a árvore e seu uso nos países da Escandinávia, no passado e também no presente.
No sistema Elder Fuþark (do século I a VIII DC) é a segunda runa, pertencendo ao terceiro agrupamento, 18ª na sequência, é suposto que seu nome seja Berkanan ou Berkana, isso, porque à época, os caracteres rúnicos não foram nomeados, seria apenas uma conjectura.
Já para o Younger Fuþark, é a segunda runa e, para compreender sua interpretação, temos alguns poemas que fazem alusão a cada uma das runas, portanto, temos fontes
1º – O Poema Norueguês foi baseado em um manuscrito, publicado pelo acadêmico dinamarquês Olaus Wornius:
*”Bjarkan (bétula) tem as folhas mais verdes entre os arbustos;
Loki teve sorte em sua mentira.”
2º – O acadêmico britânico Bruce Dickens, utilizou 4 manuscritos para o poema em islandês, que tem 16 estrofes e, sobre a bétula, diz:
*”B Bjarkan (bétula) é o galho frondoso
a pequena árvore
e o arbusto em crescimento.
Abies buðlungr (o abeto do príncipe; protetor).”
3º Também retirado de um manuscrito, o poema Anglo saxão tem 29 estrofes e cada uma delas cita uma runa.
O acadêmico britânico, George Hickes, compilou o poema em sua obra, e sobre Beorc, álamo branco
No Fuþorc, a bétula é Beorc e, na 18ª estrofe, fala sobre ela:
Poema rúnico Anglo-saxão:
*”Beorc (álamo) não carrega nenhum fruto;
mesmo que sem sementes, produz brotos;
esplendidos são seus galhos e gloriosamente adornada
é sua coroa elevada que alcança os céus.”
Nos provérbios rúnicos:
“Birkal, biörk: a bétula cresce e prospera.”
*A tradução dos poemas consta no livro “Sabedoria das Runas” de Allan Marante.
Agora vamos conhecer um pouco sobre a botânica e sua utilização na Escandinávia:
Bétula (Betula) é um género de árvores da família Betulaceae, à qual pertence também a Aveleira, Corylus avellana.
As bétulas são arbustos ou árvores pequenas ou de tamanho médio, características de climas temperados do Hemisfério Norte.
Têm folhas alternas, simples que podem ser dentadas ou lobadas.
O fruto é uma pequena sâmara, embora as asas possam estar reduzidas em algumas espécies.
As bétulas diferem do Amieiros (Alnus, outro género desta família) por os amentilhos femininos não serem lenhosos e desintegrarem-se na maturidade para libertar as sementes (ao contrário da frutificação em forma de pinha dos amieiros).
No passado, o salicilato de metila(ou “bálsamo”) era extraído da Betula lenta.
Mascar casca de bétula era um paliativo contra o mau-hálito muito utilizado por povos antigos da Eurásia.
É também um ingrediente muito utilizado em soluções de emagrecimento tais como drenantes.


A Bétula foi usada historicamente na fabricação de berços, especialmente na Escandinávia.
Essa prática era comum porque a madeira é leve, fácil de trabalhar e, por ser branca, simbolicamente, associada à proteção e pureza. Os escandinavos acreditavam que a bétula afastava espíritos malígnos, tornando-se ideal para objetos relacionados a criança, como berço e móveis infantis.
O vidoeiro-branco (Betula pendula) prefere os solos florestais secos ou húmidos em locais com abundância de luz.
Dá-se bem em solos pobres, mas não tolera terrenos mal arejados ou alagados.
Com um tronco longo e recto, o vidoeiro-branco atinge alturas de 30 metros e vive até cerca dos 100 anos.
Na Finlândia, o vidoeiro-branco é a terceira espécie mais comum nas florestas cultivadas.
A sua madeira é de rigidez moderada, forte e elástica.
É usada tanto como matéria-prima na indústria de serração e folheado como na produção de pasta de papel.
É também adequada ao fabrico de objetos como bobinas e sapatos de madeira e vulgarmente utilizada como lenha.
A Noruega é lar de muitas paisagens naturais belas, e as florestas de bétula são uma delas.
Rodeada pelas “florestas prateadas” e situada no abraço dos fiordes, Drammen, uma cidade na Noruega, é um refúgio para os amantes da natureza.
As bétulas prosperam em altitudes elevadas, tornando-as perfeitamente adequadas para a região montanhosa.
Quando o verão se despede e o outono assume o controle, as folhas das bétulas se transformam em um mosaico de dourado e vermelho, em contraste marcante com os troncos esguios e casca clara.
Essa mudança sazonal impressionante pode ser parte do motivo pelo qual as bétulas são associadas a novos começos e renovação. Essas árvores não são apenas bonitas, elas fornecem habitat e alimento para a vida selvagem e podem ser usadas como lenha e na construção.
A Suécia estava coberta por enormes glaciares até há cerca de 13 000 anos.
Com o derretimento da última calota glacial, o país foi sucessivamente ficando coberto por uma camada de vegetação praticamente toda com origem no exterior.
Hoje em dia existem cerca de 2 500 plantas pertencentes a 156 famílias.
Cerca de metade da área da Suécia está coberta por florestas, das quais uns 4% são florestas primitivas
As árvores predominantes são o Abeto (42%), o Pinheiro (39%) e a Bétula (12%), além de outras árvores típicas, como o Carvalho, Faia, Olmo, são o Freixo, o Zimbro, O Salgueiro, o Choupo tremedor, o Amieiro, entre outras.
No alto das montanhas, encontramos a Bétula da Montanha, um pequeno arbusto.
Na Dinamarca, as florestas ocupam uma parte significativa do território dinamarquês, especialmente nas regiões mais ao norte e oeste do país. As principais espécies de árvores encontradas incluem carvalhos, faia, bétula e pinheiro.
No entanto, devido à intensa atividade humana e à agricultura, muitas das florestas originais foram substituídas por áreas agrícolas e pastagens ao longo dos séculos.
Apesar disso, esforços de conservação têm sido feitos para proteger e restaurar áreas florestais, especialmente em parques nacionais e reservas naturais.
Fontes:
“Sabedoria das Runas” de Allan Marante
“Trees as a Central Theme in Norse Mythology and Culture”
“Birch Bark and Early Material Practices in Scandinavia”